
Estou me sentindo órfã. Morreu a BrasNet, a maior rede de IRC do Brasil. Devido a ataques de hackers, a rede teve de ser descontinuada. Veja matéria.
Quarta-feira, 20 de Junho de 2007
BRASNET FORA DO AR
Hackers foram os vilões da Brasnetindicado por: Felipe Lima - Mix Tecnologia
Criada há 11 anos, a maior rede de IRC do Brasil e uma das maiores do mundo encerrou serviço por causa dos constantes ataques sofridos]É o fim de uma era. Na última sexta-feira, foi anunciado o encerramento das atividades da Brasnet, a maior rede de Internet Relay Chat (IRC) do Brasil e uma das maiores do mundo. O serviço atuou 11 anos, foi o primeiro do País, e fez sucesso especialmente na virada do novo milênio, aproveitando a melhora das conexões e aumento do número de usuários. Mas se antes bastava que os internautas clicassem um botão para encontrar velhos amigos, ou fazer novas amizades, desde a última sexta-feira uma tentativa de acessar o antigo servidor de bate-papos resultava apenas na mensagem “unable to connect to server”, ou, em português, “impossível conectar-se ao servidor”.
De acordo com o fundador e principal mantenedor da Brasnet, o economista brasiliense Mauritz Antunes, 39, o motivo do encerramento das atividades foram os constantes ataques hacker que a rede sofria desde a fundação. As tentativas de invasão dos servidores, localizados no exterior, ficaram tão sérias nos últimos tempos, que chefes de segurança digital de algumas empresas nacionais vetaram a hospedagem da Brasnet em seus servidores.
“Quando começamos, hospedamos o serviço em servidores nacionais. Com o passar dos anos e dos ataques, isso não foi mais possível. Chegou ao ponto do chefe de segurança da Telemar conversar pessoalmente comigo por causa da quantidade de ataques. A rede foi colocada em isolamento, então, era impossível derrubá-la. Aí os hackers começaram a atacar a Telemar e tivemos que sair”, lembra Mauritz, que diz não ter sido esse o único caso.
“Outra vez, fechamos um acordo com o UOL para hospedar a Brasnet nos servidores deles. Estava tudo certo, mas na hora da implantação, o chefe de segurança deles também vetou”, lembra Mauritz. O motivo de tanto ódio, Mauritz não sabe explicar.
Ultimamente, a Brasnet estava hospedada em servidores internacionais, que não ofereciam tanta segurança. O desgaste, segundo o fundador, era grande demais.
“Era muito desgaste para pouco benefício. Meu trabalho na Brasnet era voluntário. Vendia alguns serviços, como bots e usuários VIPs, que contribuíam com R$ 5. Às vezes sobrava um pouquinho para mim, às vezes faltava. Mas quase sempre o dinheiro era convertido no pagamento da hospedagem nos servidores”, diz.
Ainda de acordo com Mauritz, a Brasnet chegou a ser a oitava maior rede de IRC do mundo e a maior em língua portuguesa. Para se ter uma idéia, entre os anos 2000 e 2003, a Brasnet teve picos de 63 mil usuários conectados simultaneamente.
“Isso numa época de internet discada, com pouquíssimas pessoas acessando via ADSL. Naquela época, as pessoas acessavam somente depois da meia-noite para aproveitar o pulso único. Ainda assim tinha esse número de pessoas”, lembra.
REPERCUSSÃO
O anúncio do encerramento da Brasnet chacoalhou a grande rede. Em fóruns e sites especializados, além do próprio blog da rede de IRC, usuários deixavam comentários sobre o encerramento das atividades. “Quase chorei com a história. Estou no IRC desde a criação dele”, comenta a operadora do canal Belém, Luciana Mendes.
Outro usuário, que se identifica como Leonardo Guzatti, 20, diz cursar Sistemas da Informação graças à experiência como usuário na Brasnet. “Posso dizer que cresci com a Brasnet”, comenta. O próprio Mauritz conta que recebeu e-mails de usuários em países distantes. Um deles, do Timor Leste, contou que se casou graças a um relacionamento que começou na Brasnet.
Apesar dos apelos apaixonados, o ex-proprietário da Brasnet acredita que não deve retornar ao IRC nem tão cedo. “Por enquanto, não vejo possibilidade de manter um servidor de IRC no Brasil. Se não fossem os ataques, o IRC seria um dos melhores recursos de conversa em tempo real da rede. O que prejudica é a fragilidade e a falta de apoio de grandes empresas. Mas é um círculo vicioso. Elas não apóiam justamente por causa da quantidade de ataques”, desabafa. A Brasnet avisa que ainda manterá serviços de redirecionamento de e-mails e Jabber. (J.W.)
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