sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Papai noel e ovos de páscoa.

Tinha seis anos, e gostava de falar sozinha. Pais, tios e babás pensavam em amigos imaginários, em figuras de imaginação, em além-vida, mas ela sabia: Falava com ela mesma. Não na terceira pessoa, mas achava interessante ter como signo do zodíaco duas pessoas, então poderia sim, sem problema nenhum, utilizar estas duas pessoas, fundidas numa só, para conversar e brincar com suas bonecas, seus carrinhos e suas experiências químicas.

Um dia, descobriu que na verdade o que cria como um dom, não existia. Mas como a lenda de papai noel e do coelhinho da páscoa, resolveu que seria verdade, como é verdade o que você quer crer que seja, afinal, com ou sem papai noel ou coelhinhos da páscoa, haviam presentes e ovos de chocolate, ano após ano. Papai noel e o coelho existiam sim, eram seus pais. Então ela continuaria a quimera, o ser uno e dúbio, uma única pessoa quente e fria, alegre e triste, triste e feliz.

Psicólogos haveriam de falar em dupla personalidade, mas não era disso que se tratava, era uma força interior, um porto seguro de si mesma. Uns se apegam à religião, outros a drogas, outros a animais ou coisas. Ela apegou-se a si própria, podia ser o que quisesse ser, bastava fazer.

Umas pessoas invejam essa característica, outras admiram. As que conhecem. Hoje ela sente pena de ter perdido um pouco da confiança cega que tinha em si. Talvez o tempo, inimigo de todos, talvez a maturidade, que prova que nem tudo é como deveria ser, ou quem sabe o cansaço de viver a mesma vida, que começa a abater a gente de uma hora para outra, e a gente descobre que precisa de um plano B na vida.

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